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A Linguagem das Flores e Crimes de Honra

Curiosidades.

Quando mandar flores podia ser perigoso

Bernardo Albanese

Cada flor tinha um significado. E não conhecer o que elas diziam dava origem até a crimes de morte.

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A época dos almanaques terminou definitivamente, o mais famoso deles no Brasil - o Almanaque Biotônico Fontoura - nem mais publicado é, e os sucessores estão longe de possuir a sua graça e popularidade. Mas como eram instrutivos em suas deliciosamente inúteis dissertações! Onde mais alguém poderia encontrar, por exemplo, uma lista com o significado de cada flor, algo que nem os floristas mais versados no assunto conhecem bem? Se você nunca pensou nisso - e quer presentear alguém com uma flor - seria interessante saber alguma coisa a respeito.

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Foi cavocando pilhas de velhos almanaques que o jornalista francês Jean Bogaudy coligiu uma lista bastante completa dos significados de cada flor lá pelo começo do século - talvez uma das últimas vezes que esta poética linguagem, que variava muito de país para país, foi exposta ao público. No artigo, Bogaudy explica que a linguagem das flores não se restringia ao significado puro e simples. De igual importância eram o número de flores enviadas, o acompanhamento, a disposição das flores, o modo de amarrá-las e uma infinidade de outros detalhes.

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A lista de Bogaudy foi extraída de um velho exemplar do almanaque "Savoir Vivre, Savoir Faire" (o que significa mais ou menos "Saber Viver, Saber Fazer"), editado pela Larousse em 1912. De um capítulo propriamente intitulado "Langage des Fleurs". O jornalista afirma que havia, na época, até dicionários para o melhor entendimento da dita linguagem, e que alguns namorados costumavam recriá-la para manter exclusiva esta forma de comunicação.

Crianças na Beira do Mar (ilustração)

Todo este cuidado parece piada se comparado aos hábitos de nosso liberado - e pouco afeito a detalhes - fim de século. O significado das flores foi reduzido ao básico: as rosas têm a ver com o romantismo, as orquídeas com sofisticação e as margaridas com o temperamento esportivo. Também nunca se envia cravos para uma mulher. Mas para se ter uma idéia do grau de importância que nossos bisavós atribuíam à linguagem floral, a sua má utilização podia até mesmo dar origem a crimes de honra.

Trenó na Neve (ilustração)

A história foi recolhida pelo mesmo Jean Bogaudy em outro almanaque, este de 1928, e da qual, é claro, ele não garante a veracidade. Bogaudy conta que um jovem no começo do século enviou para a amada um buquê de rosas vermelhas, e acabou assassinado pelo pai da moça. O rapaz não conhecia a linguagem das flores. Como a jovem era solteira, e casta como convinha, ela só poderia receber rosas imaculadamente brancas, que significavam: "Tenho o seu amor"?

O Lar Feliz

As rosas nem de longe poderiam também ser cor-de-rosa, quanto mais vermelhas, ou "vermelhíssimas como a minha vergonha", como esbravejou o furioso pai. Claro que tanto o imprudente rapaz como a chorosa moça clamaram inocência - inutilmente, já que ele terminou seus dias em uma poça de sangue em nome da honra de sua Julieta. Um buquê de rosas vermelhas significava "Agora somos um do outro".

Feridas da Alma e Feridas do Corpo

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