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Cultura de Almanaque: Patrimônio Cultural Rico em Detalhes

Curiosidades.

João Luiz Cardoso

Destinados a um público pouco familiarizado com o hábito da leitura, os primeiros almanaques surgiram na Europa, mais especificamente na França, por volta de 1450. Desde os seus primórdios, o almanaque se caracterizou por ser escrito em linguagem fácil, apresentar-se fartamente ilustrado e oferecer saber para todos os gostos: santos do dia, (g)astronomia, festas religiosas, calendário agrícola, conselhos médicos, eram os assuntos mais comumente tratados. Ainda na França, por volta de 1550, um médico se notabilizaria pelas profecias que publicou num almanaque que levava seu nome, estamos falando mais nada menos que do Almanaque Nostradamus.

Unidos para Sempre até a Morte os Separar

A origem do termo almanaque é, até hoje, objeto de discussão. Em árabe 'as manach' quer dizer contar, computar, porém existem autores que consideram a palavra de origem saxã; havendo ainda aqueles que a dizem derivar do árabe al e do grego men = lua. Como se vê, a confusão é grande, mas isso é uma outra história.

No Brasil um dos primeiros registros desse tipo de publicação data de 1812, quando foi editado em Salvador, pela Typographia Manoel Antônio Silva Serva, o Almanaque para a cidade da Bahia.

Por que é que Ele não se Declara?

O Almanack Histórico do Rio de Janeiro, também é dos mais antigos do país, foi citado pelo cronista inglês Thomas Ewbank, em 1870, no seu livro 'Vida no Brasil': “6 de fevereiro- O Almanack do Rio é um manual necessário para estrangeiros e indispensável aos da terra, para poderem acompanhar a seqüência dos dias santos.”

Como presente de fim de ano, este escriba recebeu um exemplar do ALMANAK DE PROVÍNCIA DE SÃO PAULO PARA 1873, numa caprichada edição fac símile de um original pertencente à biblioteca de José Mindlin. Ubatuba, então uma das 24 comarcas em que se dividia Província de São Paulo naquela época, é amplamente retratada naquele documento. Assim, vejamos: Contava a cidade com um hotel, quatro igrejas – das quais a principal já era a Matriz da Exaltação da Santa Cruz-; 61 comerciantes; sete alfaiates; dois barbeiros; quatro sapateiros; um médico, o Dr. Januário José da Silva. Uma única modista - Dona Emília Maria Beranger, trazia no sobrenome afrancesado um certo quê de requinte... Os vapores Emiliano, Pirahy e Duarte I, juntamente com o patacho (?) Triumpho da Inveja compunham a frota dos navios locais. Sua finalidade? Possivelmente o transporte de café, principal item de exportação da comarca de então. Estamos no período da escravidão e, diz o ALMANAK, para uma população total de 162.310 escravos na província paulista, 1.175 estavam em Ubatuba.

Cuidado Meu Filho, essa Tosse Pode Pegar

A medida que se aproximava o século vinte o número de publicações desse gênero foram se multiplicando. Muitas das cidades importantes, como Franca, Campinas, São Luiz do Maranhão, entre tantas outras, também editaram seus almanaques.

O ponto alto na evolução dos almanaques atingiria, entre nós, seu ápice com o Almanaque do Biotônico Fontoura e Jeca Tatu: editado durante décadas, teve milhões de exemplares distribuídos, graciosamente, por todo o Brasil. Era por todos conhecido.

Uso Constante de A Saúde da Mulher

Um pouco da história dos almanaques será apresentada aqui em Ubatuba na exposição que está sendo programada para os próximos dias na Livraria Bambu de Vez – para quem ainda não conhece, aquela situada atrás da Cadeia Velha.

Ninguém perde por esperar.

Maizena (ilustração)

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